HRW denuncia abusos em fábricas terceirizadas por grandes marcas no Camboja 4i602y
Bangcoc, 11 mar (EFE).- A Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta quinta-feira a violação dos direitos trabalhistas em fábricas do setor têxtil do Camboja terceirizadas por marcas internacionais, incluindo o uso de menores como mão de obra ou a discriminação de grávidas.
“As mulheres levam a pior parte das violações dos direitos trabalhistas”, uma vez que representam “90% do total dos trabalhadores”, disse a investigadora da HRW, Arouna Kashyap, em comunicado.
No relatório “Trabalhe mais rápido ou saia” – baseado em entrevistas com trabalhadores, ativistas, sindicatos e representantes das empresas e do governo -, a organização expõe vários casos de exploração como a recusa em dar licenças por doença ou maternidade.
“Pediu a licença e a negaram (…). Chorava de dor, mas continuou trabalhando porque tinha medo que não renovassem seu contrato”, disse Lay Thida em seu testemunho sobre uma companheira grávida e empregada por uma terceirizada da Marks & Spencer.
Outra das entrevistadas, Nheoum Soya, reconheceu que decidiu “abortar para poder trabalhar de novo”.
Segundo a HRW, muitas companhias não renovam os contratos de curta duração para evitar pagar licenças-maternidade e outros benefícios, e como mecanismo para coarctar possíveis reivindicações trabalhistas.
“(Os trabalhadores) não querem unir-se aos sindicatos porque estamos preocupados pela renovação. Temos famílias para sustentar”, comentou Tola Sovann, que trabalha para uma terceirizada da Joe Fresh.
Kashyap ressaltou que o Camboja dispõe de uma lei “bastante estrita” que protege os direitos dos trabalhadores mas, advertiu que muitas fábricas a descumprem, sobretudo as pequenas terceirizadas por grandes empresas.
“Muitos dos piores abusos ocorrem nas fábricas menores (…) porque ninguém as controla, nem o governo”, disse a investigadora da HRW.
Desde 2001 as condições trabalhistas nas empresas exportadoras do setor têxtil cambojano estão controladas pelo Better Factories Cambodia (BFC), organismo criado em contrapartida ao acordo que deu o a produtos manufaturados no Camboja aos Estados Unidos.
A supervisão só alcança às fábricas menores quando as grandes marcas as reconhecem como provedores e pagam pelos serviços ao BFC.
“(As marcas) têm muito peso, e podem e devem fazer mais para assegurar que seus contratos com as fábricas têxteis não participem de abusos dos direitos trabalhistas”, insistiu Kashyap, que atribuiu a responsabilidade principal ao governo.
H&M, Gap e Adidas – que desde 2009 também publica sua lista de provedores – foram as únicas marcas que itiram os problemas denunciados pela HRW e se comprometeram a promover e proteger os direitos trabalhistas em seus terceirizadas.
A Loblaw (proprietária da Joe Fresh) e a Armani, por outro lado, evitaram responder à organização.
O setor têxtil representou 71% das exportações do Camboja em 2013.
Os trabalhadores conseguiram em novembro do ano ado um aumento do salário mínimo para US$ 128, após meses de mobilizações, mas o BFC denuncia o aumento do número de contratos de curta duração desde 2011. EFE
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